Segundo Paulo Twiaschor, a Construção 4.0 representa uma nova era da engenharia civil e da construção, impulsionada pela digitalização, automação e integração de tecnologias emergentes, como Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial, drones e, sobretudo, a Realidade Virtual (RV). Inspirada nos princípios da Indústria 4.0, essa abordagem visa aumentar a eficiência, reduzir custos e aprimorar a segurança no canteiro de obras.
Nesse contexto, a capacitação dos profissionais ganha um papel central, pois exige uma nova gama de habilidades técnicas e digitais. A Realidade Virtual surge como uma aliada poderosa, oferecendo ambientes de treinamento altamente realistas e interativos, capazes de simular condições complexas sem os riscos do mundo físico.
Como a realidade virtual está revolucionando o treinamento de operadores de máquinas pesadas?
Operar máquinas pesadas como escavadeiras, guindastes, motoniveladoras ou caminhões articulados exige precisão, controle emocional e um domínio profundo da dinâmica da máquina. Com os simuladores de RV, operadores em treinamento podem ser imersos em ambientes digitais que reproduzem com fidelidade as condições reais do canteiro, permitindo que pratiquem operações críticas sem risco de acidentes ou danos ao equipamento.
Paulo Twiaschor frisa que engenheiros civis, de segurança, elétricos e mecânicos também estão se beneficiando do uso da Realidade Virtual como ferramenta de capacitação. Durante o treinamento, eles podem explorar modelos digitais 3D de obras em andamento, interagir com sistemas construtivos, testar diferentes soluções técnicas e visualizar interferências entre disciplinas (como elétrica e hidráulica) de forma integrada.
Como a RV contribui para o ensino de normas e procedimentos de segurança?
A segurança é uma das áreas mais críticas na construção civil, e a Realidade Virtual tem se mostrado extremamente eficaz na preparação de trabalhadores para situações de risco. Por meio de simulações realistas de acidentes — como quedas de altura, tombamento de máquinas ou falhas elétricas — os profissionais podem vivenciar, sem sofrer consequências físicas, os perigos de desrespeitar normas de segurança.

Embora a RV ofereça uma experiência de aprendizado muito mais rica e segura, ela não substitui totalmente os métodos tradicionais, pontua Paulo Twiaschor. Em vez disso, serve como um complemento estratégico que amplia a eficácia do treinamento convencional. Após sessões imersivas, os operadores e engenheiros ainda precisam validar suas habilidades em campo, sob supervisão.
Quais são os principais benefícios da RV para as empresas da construção civil?
Para as empresas, a adoção de treinamentos em Realidade Virtual oferece diversos benefícios: redução de custos com acidentes e danos a equipamentos, aumento da produtividade por meio de capacitações mais rápidas e eficazes, além da possibilidade de padronizar o nível técnico de toda a equipe, independentemente de localização geográfica. Outro fator relevante é a retenção de talentos — empresas que investem em tecnologias de ponta tendem a atrair profissionais mais qualificados e motivados.
Apesar dos benefícios evidentes, a implementação da Realidade Virtual na construção ainda enfrenta alguns desafios. De acordo com Paulo Twiaschor, o alto custo inicial dos equipamentos e softwares, a necessidade de infraestrutura digital adequada e a resistência cultural à mudança são barreiras comuns. Além disso, é preciso desenvolver conteúdo personalizado para os diferentes tipos de obras, máquinas e rotinas operacionais.
Por fim, para Paulo Twiaschor, o futuro da capacitação profissional na construção caminha para uma convergência entre Realidade Virtual, Realidade Aumentada, inteligência artificial e análise de dados. Imagine treinamentos adaptativos que ajustam o nível de dificuldade conforme o desempenho do usuário, ou ambientes colaborativos em RV onde engenheiros de diferentes partes do mundo possam resolver problemas em conjunto.
Autor: Katryna Rexyza