O feito representa um avanço no desenvolvimento da tecnologia que possibilitará intervenções cirúrgicas emergenciais fora da Terra
Um mini robô, conhecido como SpaceMIRA, realizou uma cirurgia pela primeira vez em gravidade zero na estação espacial internacional no último sábado (10), segundo informações da CNN. A tecnologia, sob comando de seis cirurgiões remotos, operou em tecidos simulados no laboratório mantido em órbita a aproximadamente 250 milhas (400 km) de Lincoln, em Nebraska (EUA). A cada demonstração, os médicos dissecavam o pedaço correto de tecido sob pressão – em um procedimento considerado comum – e no fim, obtiveram êxito.
O robô pesa apenas 0,9 quilograma e seu design compacto o torna adequado para viagens espaciais. Com uma parte do dispositivo inserida no corpo, a ferramenta usa dois braços para imitar os movimentos de um ser humano – o braço esquerdo para agarrar e o direito para cortar, explicaram os médicos. Isso também o permite realizar vários procedimentos de forma não invasiva.
Segundo cientistas, o feito representa um avanço e implica não só no sucesso das viagens espaciais humanas a longo prazo, onde poderão ocorrer emergências cirúrgicas, como também na possibilidade de acesso a cuidados médicos em áreas remotas (tanto dentro como fora da Terra).
Um dos desafios ao tentar controlar um robô no espaço a partir da Terra é a latência, ou o atraso de tempo entre o envio do comando e o recebimento pela máquina. Neste primeiro teste, o atraso foi de cerca de 0,85 segundos, afirmou Dr. Michael Jobst, cirurgião colorretal que participou do procedimento no fim de semana. “Cinco segundos seriam uma eternidade em uma cirurgia, e uma fração de segundo ou meio segundo será significativo”, explicou. Mesmo assim, os cirurgiões conseguiram completar as tarefas.
O objetivo do experimento é aprofundar a exploração em viagens de longo prazo. Uma expedição de ida e volta até Marte, por exemplo, poderia levar cerca de dois anos para ser concluída, de acordo com a NASA. O plano é que o SpaceMira retorne à Terra na primavera do hemisfério norte.
“A NASA quer ir mais longe, e os voos espaciais de longa duração irão trazers exigências aos cuidados médicos de várias maneiras”, disse Shane Farritor, cofundador e diretor de tecnologia da Virtual Incision , startup que criou o spaceMIRA. “Há muitas perguntas que ainda precisam ser respondidas aqui. Queríamos apenas mostrar o que é possível e entendemos que é um passo na direção certa.”
Além disso, as descobertas também podem ser valiosas para expandir cirurgias na Terra, em áreas rurais ou campos de batalha militares, afirmou um comunicado de imprensa da Universidade de Nebraska.
“Há muitos lugares que não têm acesso a especialistas, e se você pudesse realizar uma telecirurgia como esta, você poderia ter um médico ligando de uma cidade maior para uma área rural e ajudar com algum procedimento, isso traz enormes vantagens”, destacou Farritor.