Passados mais de dez anos desde a implementação da Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013), o conceito de compliance no Brasil passou por uma transformação significativa. Inicialmente focado na criação de códigos de ética e canais de denúncia, o compliance agora se baseia em tecnologias avançadas que investigam milhares de fontes de informação para identificar possíveis irregularidades em fornecedores, clientes e funcionários.
A informatização de bases de dados públicas, especialmente no sistema judiciário, tem sido um fator crucial para o avanço do compliance. Ferramentas de software são utilizadas para cruzar informações e detectar indícios de comportamentos suspeitos, tornando o processo de investigação mais eficiente e abrangente. Esse avanço tecnológico tem permitido que as empresas mantenham um controle mais rigoroso sobre suas operações e relações comerciais.
Além da tecnologia, a agenda ESG (ambiental, social e governança) tem impulsionado o crescimento do mercado de compliance. Temas como assédio, trabalho escravo e racismo, que antes não eram tão discutidos, agora estão no centro das atenções. As empresas estão cada vez mais conscientes da importância de abordar essas questões para manter uma imagem positiva e cumprir com as expectativas de investidores e consumidores.
O mercado de trabalho para especialistas em compliance também se expandiu. Consultorias e profissionais especializados são cada vez mais requisitados para ajudar as empresas a implementar e monitorar programas de compliance eficazes. A demanda por esses serviços tem gerado novas oportunidades de emprego e contribuído para a profissionalização do setor.
A evolução do compliance não se limita apenas à detecção de irregularidades. A prevenção também é um aspecto fundamental. Programas de treinamento e conscientização são implementados para educar os funcionários sobre as melhores práticas e os riscos associados ao não cumprimento das normas. Esses programas ajudam a criar uma cultura organizacional baseada na ética e na transparência.
A colaboração entre diferentes setores e órgãos governamentais também tem sido essencial para o sucesso do compliance. Parcerias entre empresas, governos e organizações não governamentais permitem a troca de informações e a implementação de estratégias conjuntas para combater a corrupção e outras práticas ilícitas. Essa abordagem colaborativa fortalece a eficácia das medidas de compliance.
O futuro do compliance promete ser ainda mais dinâmico com o avanço contínuo da tecnologia. Ferramentas de inteligência artificial e análise de big data estão sendo desenvolvidas para aprimorar ainda mais a capacidade de detecção e prevenção de irregularidades. Essas inovações tecnológicas têm o potencial de transformar o compliance em uma área ainda mais proativa e eficiente.
Em resumo, a evolução do compliance no Brasil reflete uma combinação de avanços tecnológicos, maior conscientização sobre questões sociais e ambientais, e uma abordagem colaborativa entre diferentes setores. Esse progresso não só fortalece a integridade das empresas, mas também contribui para um ambiente de negócios mais ético e transparente.