Como menciona o especialista da área Rodrigo Balassiano, a crescente integração entre finanças tradicionais e o universo dos criptoativos têm impulsionado o surgimento de estruturas inovadoras no mercado de capitais, como os fundos híbridos com ativos tradicionais e digitais. Essa proposta busca aliar a solidez de instrumentos já consolidados, como ações, debêntures e títulos públicos, com o potencial de valorização e inovação dos ativos digitais, como criptomoedas e tokens.
Mergulhe na nova fronteira dos investimentos e veja como os fundos híbridos estão unindo estabilidade e disrupção em um cenário que exige visão estratégica e atenção à regulação.
Qual a viabilidade regulatória dos fundos híbridos com ativos tradicionais e digitais?
De acordo com Rodrigo Balassiano, a viabilidade regulatória dos fundos híbridos com ativos tradicionais e digitais depende, essencialmente, das diretrizes estabelecidas pela CVM, que regula a constituição, administração e distribuição de fundos de investimento no Brasil. A autarquia tem buscado acompanhar a evolução tecnológica e a transformação dos produtos financeiros, sinalizando abertura para estruturas inovadoras desde que respeitem critérios de transparência, liquidez e gestão de risco. Ainda assim, há um certo conservadorismo na aceitação de ativos digitais em carteiras reguladas, especialmente em fundos voltados ao investidor geral.

Um marco importante para essa discussão foi o Parecer de Orientação nº 40 da CVM, que reconheceu a possibilidade de exposição indireta a criptoativos por meio de veículos regulados no exterior, desde que cumpram os requisitos de diligência e responsabilidade na seleção dos ativos. Com isso, alguns gestores passaram a explorar estratégias híbridas dentro de fundos destinados a investidores qualificados, onde o apetite a risco e a exigência de governança são compatíveis com a volatilidade dos ativos digitais. No entanto, para o público em geral, os limites são mais restritos.
Quais os principais desafios enfrentados por gestores que operam com ativos digitais?
Gestores que desejam atuar com fundos híbridos enfrentam obstáculos técnicos, jurídicos e operacionais. Um dos maiores desafios está na custódia dos ativos digitais, que exige soluções tecnológicas robustas e seguras, além de provedores que estejam em conformidade com os requisitos da CVM. Diferente dos ativos tradicionais, que contam com infraestrutura consolidada de custódia e liquidação, os criptoativos ainda carecem de uma padronização regulatória e operacional no Brasil, o que eleva o risco de falhas e ataques cibernéticos.
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Outro desafio importante, segundo o especialista Rodrigo Balassiano, é a precificação justa dos ativos digitais, que muitas vezes apresentam alta volatilidade e menor liquidez. A ausência de mercados regulados no Brasil para a negociação desses ativos dificulta a determinação de preços justos e auditáveis, o que pode comprometer a transparência e a confiança dos investidores. Gestores precisam adotar políticas rigorosas de valuation, com base em múltiplas fontes e parâmetros objetivos, para garantir que o fundo esteja aderente às normas contábeis e de compliance.
Além disso, há questões relacionadas ao conhecimento técnico e governança. Operar com ativos digitais exige domínio de conceitos como blockchain, smart contracts e tokenização, além de capacidade de avaliar projetos descentralizados com critérios técnicos e financeiros. Isso demanda equipes especializadas e investimentos em capacitação, o que pode ser um impeditivo para gestoras menores. A governança também precisa ser reforçada, com mecanismos de controle e auditoria que assegurem o cumprimento das obrigações regulatórias e a proteção dos cotistas.
Quais são as perspectivas futuras para esses fundos no Brasil?
O cenário para os fundos híbridos com ativos tradicionais e digitais tende a se tornar mais favorável à medida que a regulação amadurece e os investidores demonstram maior interesse por inovação financeira. A CVM, o Banco Central e outras autoridades vêm se articulando para desenvolver um ecossistema mais seguro e transparente para os criptoativos, incluindo iniciativas como o Drex (o real digital) e a regulamentação de prestadores de serviços de ativos virtuais. Como destaca Rodrigo Balassiano, esses avanços devem criar um ambiente mais propício para a expansão dos fundos híbridos.
Por fim, é possível que novas regulamentações específicas para os fundos híbridos sejam desenvolvidas nos próximos anos, considerando as particularidades desse modelo. Isso pode incluir diretrizes sobre exposição máxima a ativos digitais, exigências de auditoria externa especializada e regras claras para divulgação de informações aos cotistas. Com um marco regulatório bem definido, esses fundos podem deixar de ser nicho e se tornar uma alternativa relevante no portfólio de investidores de diversos perfis.
Autor: Katryna Rexyza