A participação das mulheres na tecnologia no Brasil ainda é bastante limitada, revelando um cenário preocupante de desigualdade de gênero em um dos setores mais promissores da economia global. De acordo com um estudo da Laboratória em parceria com a McKinsey & Company, apenas uma em cada cinco contratações na área é do sexo feminino. Isso mostra que, mesmo com os avanços em políticas de diversidade e inclusão, a presença feminina ainda encontra entraves profundos, principalmente quando se trata de cargos de liderança.
O estudo analisou mais de 300 empresas de tecnologia em cinco países da América Latina e revelou que a disparidade entre homens e mulheres começa já nos processos seletivos. A baixa contratação de mulheres na tecnologia evidencia uma falha estrutural no recrutamento, que muitas vezes reproduz padrões preconceituosos e limita a ascensão feminina. Essa realidade impacta não apenas as mulheres que tentam entrar no mercado, mas também as que buscam crescimento e reconhecimento profissional.
Outro aspecto preocupante é a sub-representação feminina nos cargos de liderança. Embora existam profissionais altamente qualificadas, poucas conseguem alcançar posições de tomada de decisão. A presença feminina na tecnologia é ainda mais escassa em áreas como desenvolvimento de software, segurança da informação e ciência de dados, setores que crescem rapidamente e moldam o futuro do trabalho. A falta de referências e mentoras também contribui para que muitas mulheres não se sintam encorajadas a seguir carreira nessas áreas.
O reflexo dessa desigualdade de gênero na tecnologia é visto em diversos indicadores. Além do número reduzido de contratações, a rotatividade entre as mulheres é maior, pois muitas acabam migrando para outros setores diante da falta de oportunidades e reconhecimento. Mulheres na tecnologia enfrentam ainda desafios como o machismo institucional, diferenças salariais e ambientes corporativos pouco acolhedores, o que compromete seu desempenho e permanência nas empresas.
A transformação desse cenário exige um compromisso real das empresas com a equidade de gênero. Promover políticas afirmativas, criar ambientes de trabalho inclusivos e implementar programas de formação e capacitação voltados exclusivamente para mulheres são medidas essenciais para aumentar a presença feminina na tecnologia. A mudança começa com o reconhecimento de que o talento feminino é indispensável para a inovação e o crescimento sustentável do setor.
Mulheres na tecnologia também precisam ser mais valorizadas em campanhas de marketing, conferências e eventos do setor. Dar visibilidade a especialistas, empreendedoras e lideranças femininas ajuda a inspirar novas gerações e mostrar que a tecnologia não é território exclusivo dos homens. Representatividade importa, e quanto mais as mulheres forem vistas ocupando esses espaços, maior será a transformação cultural dentro e fora das empresas.
Outro ponto que merece atenção é a formação educacional. Incentivar meninas a se interessarem por ciências exatas, programação e engenharia desde cedo é fundamental para que cheguem ao mercado mais preparadas e confiantes. Programas educacionais voltados para jovens de comunidades vulneráveis podem ajudar a diminuir as barreiras de acesso à tecnologia, promovendo mais equidade desde a base.
Por fim, é necessário que governos, instituições de ensino, empresas e a sociedade em geral trabalhem juntos para garantir mais inclusão e igualdade. O Brasil tem um enorme potencial a ser explorado, mas para isso é imprescindível que mulheres na tecnologia tenham acesso a oportunidades reais, salários justos e ambientes que valorizem sua contribuição. Ignorar esse potencial é desperdiçar talento, inovação e diversidade, três pilares fundamentais para o sucesso no século XXI.
Autor: Katryna Rexyza